quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

“... e o que Deus uniu.”



“... e o que Deus uniu.” (Mateus 19:6)

Esta declaração de Jesus, sobre a união conjugal, nos leva a lembrar o casamento, sua cerimônia e o que de fato representa. Remete-nos também ao texto bíblico em que Deus estabelece a união do homem e a mulher formando assim o primeiro registro familiar.
Vivemos numa sociedade que se transforma de maneira assustadora, rejeitando costumes, valores e conceitos que perduraram por séculos.
Hoje, quando muitos alegam ser o casamento uma instituição falida, desprezando a união matrimonial, queremos considerar e afirmar o casamento e a família como essencial para uma sociedade que busca relacionamentos de paz procurando alcançar o bem estar do próximo e a prosperidade da coletividade e não a extinção com o passar dos anos.
Na perspectiva bíblica, especialmente a partir do livro de Gênesis (capítulo 2) encontramos o primeiro casamento, sem relatos de festa ou cerimonial, e na sua simplicidade abençoado e testemunhado pelo próprio Deus. Podemos encontrar alguns conceitos neste texto do qual nos será útil considerar em face da sociedade atual.

(Genesis 2:18 - 25) - “E disse o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora idônea para ele.... E Adão pôs os nomes a todo o gado, e às aves dos céus, e a todo o animal do campo; mas para o homem não se achava ajudadora idônea.
Então o Senhor Deus fez cair um sono pesado sobre Adão, e este adormeceu; e tomou uma das suas costelas, e cerrou a carne em seu lugar; E da costela que o Senhor Deus tomou do homem, formou uma mulher, e trouxe-a a Adão.
E disse Adão: Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; esta será chamada mulher, porquanto do homem foi tomada.
Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne. E ambos estavam nus, o homem e a sua mulher; e não se envergonhavam.”

Deste texto, geralmente nos salta o conceito da solidão em que se encontrava Adão, solidão esta condenada pelo próprio Deus. E neste aspecto considera-se o casamento como a solução para aqueles que estão sozinhos. Adão em meio a seus afazeres não encontrou alguém que pudesse suprir suas expectativas. Talvez este seja o primeiro erro quando se busca um relacionamento conjugal: alguém que supra as minhas expectativas.
Podemos observar neste texto que mesmo antes de Adão, o próprio Deus já percebia a necessidade de Sua criação relacionar-se. E vemos Deus planejando a mulher como ajudadora idônea, alguém que estaria ao lado de Adão para auxilia-lo nas tarefas de administrar o que Deus lhe havia ordenado. Hoje vemos a mulher utilizando a capacidade que Deus lhe deu, sendo reconhecida e tendo um espaço maior na sociedade, podendo o homem encontrar nela, a companheira ideal, que complete sua vida, não somente física , emocional ou relacional, e ainda fortalecer-lhe como profissional. E em muitos casos ela se torna o esteio espiritual do lar.
Unir-se a outra pessoa procurando ou buscando suprir as suas necessidades particulares é um erro comum na atualidade[1]. Muitos não são felizes e querem encontrar no casamento, na pessoa com quem se relacionam a solução para suas desilusões ou infelicidades.
Pode-se afirmar, com base no texto bíblico, que a união entre um homem e uma mulher não aconteceu ou acontece somente para suprir a solidão, mas sim, para dar oportunidade de ambos servirem um ao outro, ajudarem-se e completarem-se. Uma união estabelecida debaixo de princípios de relacionamento mútuo pode ser firmada para toda uma vida.
Não apóio o que no passado era costume e hoje ainda há em algumas culturas orientais, quando contratos entre famílias determinavam à união conjugal, nem ao menos concordo com o que se passa na atualidade com os relacionamentos sendo estabelecidos por tempo de experiência, casamentos não legalizados, com compromisso até que dure ou mesmo até que não interfira nos interesses um do outro.
Uma união que busca o relacionamento verdadeiro, o bem estar da pessoa amada, que procura suprir as necessidades do seu cônjuge rompe com a solidão, estabelece um nível de relacionamento mais profundo e realiza o seu próprio ser. Deus através da união conjugal vem estabelecer um relacionamento íntimo que nos completa e nos realiza.

O segundo conceito que queremos salientar é o da semelhança. Enquanto só, Adão não encontrou entre os animais semelhante a ele. Deus traz ao homem uma mulher formada de sua própria costela e vendo-a: ... “Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne.“ (Gênesis 2:23)
Santo Agostinho viveu no século quinto e escreveu a respeito do relacionamento do homem e da mulher: “Se Deus quisesse que a mulher governasse o homem, Ele a teria tirado da cabeça de Adão. Se Ele tivesse querido que ela fosse escrava do homem, te-la-ia tirado dos pés. Mas Deus tirou a mulher do lado do homem, pois a criou para ser uma auxiliadora e igual a ele.”(Comunicação: A chave para o seu casamento, H.N. Wright)
Adão reconheceu em Eva aquilo que nele faltava,... ”osso dos meus ossos e carne da minha carne.” Reconheceu na mulher alguém com quem poderia relacionar-se, alguém que poderia estar ao seu lado, compartilhando o seu dia, auxiliando-o e podendo ajudá-la também.
O casamento nos traz o senso de responsabilidade e cuidado pelo semelhante, “deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne”.((Gênesis 2:24) e Efésios 5:28e29 nos fala: “Quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo. Porque nunca ninguém odiou a sua própria carne; antes a alimenta e sustenta”. Esta identidade de um para com o outro também leva a servirmos ao nosso cônjuge sem esperar uma recompensa. E ao mesmo tempo sendo recompensado pela companhia que nos faz completo.

Um terceiro aspecto do texto de Gênesis que consideramos importantíssimo é o da transparência.
Vivemos num mundo contaminado pelo pecado e desde que houve a queda do primeiro casal quando em sua livre escolha optaram por errar (pecar), tentam encobrir o pecado e a verdade muitas vezes fica camuflada por máscaras tentando transmitir uma falsa realidade.
Adão e Eva se encontravam despidos no paraíso. Tiveram está regalia de desfrutar a pureza da natureza humana antes de ser corrompida pelo pecado e por isso tinham intimidade entre si e com Deus.
O casamento nos leva a conhecermos um ao outro como realmente somos. Por isso se faz necessário que se permita no relacionamento uma vida de transparência, reconhecendo áreas pessoais deficientes e problemáticas das quais com o auxilio mutuo conjugal podemos superá-las.
Com o tempo as máscaras acabam caindo, e desnudos um diante do outro percebemos que os recursos que inventamos para solucionar algumas faltas se mostram insuficientes (paliativos). Quando isto estiver acontecendo precisamos mais um do outro e ambos de Deus, e se necessário o auxilio de um conselheiro íntegro.

Podemos concluir baseados em tudo que lemos aqui, que Deus une um homem e uma mulher com diferentes personalidades, diferentes características e capacidades para que através do amor venham a ter uma relação saudável, transparente, verdadeira onde se completam, doando-se e servindo um ao outro de maneira a tornarem-se um. Uma relação que nos leva a enxergar a nós mesmos como somos e reconhecer que precisamos um do outro. Por isso a escolha de se casar é algo muito séria e exige responsabilidade e compromisso de ambas as partes. Mais do que o desejo de se estar juntos é preciso uma convicção de firmar o relacionamento para a vida inteira. Uma relação estabelecida nestes princípios proporcionará ao casal força para continuar a viver sua união em tempos difíceis e as próximas gerações dignidade e valores para a família e para a sociedade. Deus é especialista em fazer este milagre, basta que permitamos.

Edson Roberto Barban e sua esposa Lindaura
São líderes do Ministério da Família na
Igreja Missionária Unida Ipiranga em Maringá
www.imuipiranga.org

[1] Uma forma de hedonismo, marca da pós modernidade.

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